sexta-feira, 17 de maio de 2013

side effects (terapia de risco)

até hoje de manhã, eu não tinha sequer ouvido falar sobre este filme.

aí fui olhar as estreias da semana na internet, vi lá este filme, sobre o qual eu não sabia nada, fiquei curiosa, vi o trailer no youtube e fiquei com muita vontade de ver.

o trailer dá uma noção, mas não revela muito da história, e eu adoro isso! adoro ir para o cinema sem saber exatamente o que esperar, gosto muito de ser surpreendida! e foi exatamente isso que aconteceu: eu fui surpreendida, e muito bem surpreendida, várias vezes durante a seção!

eu tinha uma vaga noção do que vinha por aí depois de ter visto o trailer, mas na medida em que a história foi acontecendo, o clima do filme, o espírito do filme, o que achei tinha entendido como sendo a ~proposta~ do filme, foi se modificando pelo meio do caminho!

o filme é dirigido por steven soderbergh, aquele da trilogia dos 11, 12 e 13 homens e um monte de segredos (que eu adoro!) e que mais recentemente me encantou com contagion (contágio), e tem no elenco a incrível rooney mara, junto com jude law, catherine zeta-jones e chaning tatum.


assim como ele tinha feito em contágio, eu adorei o modo como o foco central da história se altera de um personagem para o outro, sem que a narrativa se enfraqueça! cada hora você vê a história com o olhar de um dos personagens, mas sempre tem coerência e dá pra acompanhar o raciocínio e, principalmente, as sensações de cada um deles. eu amo quando um diretor consegue fazer isso: me manipular pra ver a história cada hora de um jeito diferente, sempre achando que aquele é o jeito mais certo.

um aspecto do filme que pra mim merece um destaque à parte é a fortíssima crítica à banalização das doenças psicológicas e dos seus tratamentos, mais especificamente nos Estados Unidos. a maneira quase leviana como todos os personagens do filme falam sobre depressão me assustou um pouco. todo mundo já esteve ou está deprimido e sabe indicar o melhor anti-depressivo pro colega ao lado, do mesmo jeito que a gente recomenda a um amigo tomar chá de boldo pra azia! é um tal de Prozac, Zoloft, Effexor e, claro, Ablixa, a torto e a direito, como se fosse aspirina. além de falar da forma como os médicos são seduzidos a prescrever tal ou tal medicamento, com presentes, viagens, amostras grátis, jantares, recursos...  e o pior é saber que é mais ou menos por aí mesmo.


tenho um pouco de medo dessa banalização, porque acho que acaba se entupindo de drogas pesadas gente que não precisa delas e as usa como "muletas" pra enfrentar momentos tristes, tensos, difíceis que fazem parte da vida de todo mundo normalmente e confunde isso com depressão (e bipolaridade, e TOC, e síndrome do pânico, etc). mas o pior disso, eu acho que é banalizar o sofrimento de gente que sofre de depressão ~de verdade~ e não ter a sensibilidade de compreender o tamanho do poder incapacitante que essa doença tem sobre quem tem de conviver com ela.

crítica "social" à parte, a história do filme consegue abordar o assunto de um jeito interessantíssimo, sem fazer disso o cerne da questão nem dar um caráter "panfletário", mas usando o assunto com maestria pra construir a história!

se este fosse um blog de crítica de cinema e desse notas, a nota deste filme com certeza seria bem alta! como não é, me limito a dizer que adorei o filme e recomendo que você vão lá ver!

PS: fiquei extremamente surpresa com a educação do público na sala de exibição! fui a um cinema grande, numa sexta-feira à noite, ver um filme estreante e não me chateei hora nenhuma com a zuada que o povo soteropolitano tem mania de fazer no cinema! comparada com as minhas experiências cinematográficas mais recentes, foi uma agradável surpresa! acho que encontrei uma espécie de oásis de civilidade! que bom!