segunda-feira, 13 de maio de 2013

trance (em transe)

a primeira coisa que eu soube sobre esse filme é que era de danny boyle. não sabia nem o nome, nem o elenco, nem o assunto, nada. só sabia que seria "o novo filme de danny boyle". tava lá em pleno facebook de um amigo meu: "ansioso pelo novo filme de danny boyle".

eu sempre gostei dos filmes dele, mas nunca tinha ligado muito o nome à pessoa nem acompanhado sua filmografia. só que desde o sensacional 127 hours (127 horas) que, só no cinema, eu vi duas vezes, eu tenho um denguinho especial por esse cara!

aí lá fui eu pro google descobrir colé de merma do filme. descobri que era com a maravilinda rosario dawson e com o me-faltam-palavras-para-descrever-de-tão-sexy vincent cassel. mas, muito mais importante do que isso, eu descobri qual era a história do filme!

é a história de uns caras que se juntam e roubam um quadro caríssimo, só que um deles "desvia" o quadro roubado, esconde dos outros em algum lugar, mas não consegue se lembrar onde botou de jeito nenhum. e aí o grupo todo resolve recorrer a uma hipnoterapeuta pra  fuçar a mente do moço e tentar ajudá-lo a se lembrar onde foi que botou a tal da tela.

esse negócio de ter a ver com subconsciente, memória, hipnose, transe, controle, e complexidades da mente humana em geral me fascinou! me fez pensar muito em inception (a origem), que é um dos meus filmes preferidos da vida inteira! achei interessantíssima a ideia de ter que achar o produto do roubo não pelo mundo, mas pela memória de alguém.

aí fiquei aqui semanas toda me bulindo, esperando a estreia do filme. e eis que quando estreou eu estava dodói e não fui ver. só hoje conseguir ir ao cinema. pois então, lá fui eu ver o filme.

o comecinho do filme fala do roubo do tal quadro e é um heist movie como qualquer outro, que inclusive eu achei muitíssimo similar à pegada guy ritchie. cheguei até a pensar que danny boyle tinha resolvido dar uma copiada louca no rapaz! (ninguém tira da minha cabeça que a ideia do carrinho rosa estacionado trancando a van veio de snatch!)


mas isso é só no início, porque depois que o filme começa a girar em torno da caça à memória de onde está à pintura dentro da cabecinha do rapaz, a coisa muda bastante de figura.

a forma como a história é contada a partir daí, visualmente inclusive, é sensacional! o filme transfere pra gente a angústia do rapaz de saber que sabe mas não conseguir lembrar, simplesmente por ser contada numa estrutura temporal toda fragmentada. o truque é velho no cinema, mas depende muito da qualidade de quem faz, e esse foi muito bem feito.

e o lance da hipnose envolver um jogo de poder muito forte deixa tudo mais interessante. porque no fim das contas, hipnotizar é uma maneira de subjugar o outro e ter muito poder sobre ele. e é esse jogo de poder que dinamiza o filme! porque se o cara não enxerga que o outro tem poder, não "sucumbe" à hipnose, mas por outro lado se sente que tem poder demais, fica com medo e não consegue revelar o que tem dentro da cabeça. é muito legal de assistir!

o visual do filme também é fantástico. os cenários com cores fortes dominando o ambiente e dando o tom da cena me lembraram muito a ideia de cube (o cubo), só que mais sutil e mais sofisticado. adorei o contraste entre os brancos e beges do ambiente seguro e confortável do consultório da terapeuta, onde rolam os transes tranquilos, versus o ambiente escuro com uma luz vermelha intensa (que é quase uma personagem a mais na cena) no ambiente onde surgem as lembranças mais tensas, confusas e assustadoras.

e os cortes rapidinhos com enquadramentos meio diferentes, meio tortos, dão a nós espectadores a mesma sensação de estranheza, desconhecimento e dúvida sobre o quanto cada coisa é real e cada lembrança é precisa e confiável, exatamente como os personagens se sentem! muito bem feito!

achei a nudez frontal total de rosario dawson meio forçada e desnecessária. não é puritanismo não, só acho que a imagem não estava "a serviço" da história e a ideia já estava claríssima sem eu precisar vê-la pelada (literalmente!) naquele tamanho todo de tela! mas posso relevar isso, já que também rolaram umas bundinhas de james mcavoy e vincent cassel!

em alguns momentos, achei aquele lance de "opa! era só um sonho / transe / memória falsa / hipnose / sugestão / mensagem subliminar, não aconteceu de verdade!" um pouquinho forçado, mas no final, achei que todas as pontas soltas ficaram bem ajustadinhas e a história muito bem costurada!

é um filme sensacional e eu saí do cinema extasiada! só não vi de novo logo em seguida, porque era a última seção do dia, mas teria visto! recomendo demais pra todo mundo!!!